Quem tem mania de grandeza, jamais pensará grande, tanto quanto os idiotas nunca se contradirão. Isso nos lembra que só porque alguns viajam no setor Classe A de um avião, se sentem melhor do que aqueles que da classe econômica, sendo que muitas vezes, todos irão a um mesmo destino. Em caso de acidentes, todos terão também um mesmo destino.
Um deficiente visual que mora numa cobertura luxuosa e outro que mora num barraco de uma favela, ao abrirem uma bengala, todos serão chamados de "ceguinhos". Preconceito, ou não, é algo que faz parte irrevogável dos dois indivíduos. Como se pode ver, o conforto só é válido enquanto coisa essencial, não como adorno supérfluo, ou seja: é de bom alvitre que cada conquista tenha objetivos nobres, do contrário, nos tornará meros escravos do ogulho e da vaidade.
É claro que uma vitória, humanamente bem alicerçada é incontestável e deve ser comemorada. Indo mais além e, nesta mesma perspectiva, subterfugiar os pobres, as crianças e Deus para escalar os degraus da fama e do sucesso, tem lá suas pequenas diferenças, quanto ao conteúdo do resultado, se conseguirmos discernir o viés entrelaçador da relação de poder entre os sujeitos e seus respectivos objetos.
Neste caso, seria mais recomendável que as supostas lideranças quando quisessem construir seus próprios palácios, os fizessem em seus próprios nomes. É como diria o Professor Cristovam Buarque: "um individuo só se torna candidato a Presidente, em primeiro lugar, se ele mesmo quiser."
Portanto, parece que está na hora de repensar este institucionalismo que, na prática, não representa qualquer consenso decente, mas, institucionaliza unanimidades ou terríveis ditaduras mascaradas. E, o que é pior, na maioria das vezes é feita em nome das fragilidades dos menos afortunados sob a perspectiva do poder da informação.
É claro que explorar as fragilidades humanas sob qualquer pretexto será sempre algo abominável, entratanto, quando se faz isto sob o ponto de vista das reservas e dos medos sobrenaturais, estamos sendo mais cruéis, pois lançamos mão de um apelo daquilo que não podemos ver, pegar, etc. Por isso esta suceptibilidade é mais falencial do que qualquer outra. A lei do homem, que sequer consegue atingir os mais ricos, como poderia alcançar o inatingível?
Explorar as fragilidades do relacionamento humano com o mundo desconhecido do sobrenatural, implica mexer com a fé, não com aquela que é sinônimo de confiança, perspectiva hipotética, ingrediente reconstrutor das verdades, mas com aquela que é sinônimo de crença, se encerra em si mesma, é abstrata, depende da sensibilidade de cada um.
Como se pode notar, eu não posso comprar aquilo que depende de mim mesmo apra existir. Precisamos nos libertar do poder do institucionalismo exacerbado e, muitas vezes forjado. Se conseguirmos ser solidários, fraternos e capazes de interpretar as agruras dos nossos semelhantes e de nós mesmos, não precisaremos de subterfúgios para dar soluções humanas aos problemas humanos.
Para concluir, todos falam em carga tributária excessiva, mas ninguém fala em sonegação, também excessiva, além dos chamados impostos preventivos contra roubos, incêndios etc.
Que tal se acabássemos com o imposto de renda da pessoa física e passássemos a cobrar imposto de todas as intituições lucrativas, filantrópicas e, por que não religiosas, deste imenso país? Talvez, a partir daí, todos teríamos condições de saber para aonde vão as nossas contribuições e doações financeiras.
Antônio Leitão
O cego de visão.