sexta-feira, 21 de maio de 2010

A Despolitização da Política Brasileira

A palavra Política, em seu sentido literal, significa coisa pública.
Isto nos lembra a antiga Grécia, quando as pessoas livres se reuniam na Ágora, para discutir os destinos da sociedade como um todo. É a Polis-= Cidade. Até a pouco tempo, prostituta, em alguns lugares daqui, significava mulher pública. Como se vê, por aqui, sempre que há indícios de que algo pertence a muitos ou a todos, logo adquire um significado pejorativo.

Enquanto na China, quando alguém divide um problema entre um maior número de amigos, tanto mais leve se torna o incômodo individual. Por aqui, o segredo é a alma do negócio. Aqui, confunde-se ambiente
privativo com esconderijo; transparência com escândalo.

Enfim, aqui a coisa pública a ninguém pertence; por isso, cada um pode pôr a mão em proveito próprio. Daí, a razão explícita da administração caseira onde, um carro oficial pode ser usado para transportar os filhos de qualquer administrador público sem sofrer nenhuma sensura e, aquele que fizer qualquer crítica sobre isso, não passa de um grande invejoso.

Por aqui, é mais cômodo hostilizar a Política do que desprezar os maus políticos.

Com este preâmbulo, quero contar uma História.

Outro dia, ao ver uma pessoa demonstrando extremo entusiasmo pela causa dos deficientes visuais, abordei-a para pedir apoio para a minha futura candidatura e fui rechaçado com a seguinte frase: "tudo, menos política".

É claro que esta pessoa não seria obrigada a atender de pronto, ao meu apelo. Entretanto, se ela dissesse que já tinha assumido algum compromisso com alguém, eu entenderia, mas, dizer não, apenas por se tratar de uma proposta política que poderá levar uma pessoa com deficiência ao empoderamento e à verdadeira inserção social? Com certeza, há algo de podre no reino da consciência coletiva brasileira.

Só a partir daí, pude tomar consciência de que a política brasileira está, de
propósito, sendo despolitizada, porque o que interessa à maioria das
pessoas que está almejando a algum cargo público, o está fazendo não
para fazer política, mas porque tudo o que este indivíduo quer é o Poder
pelo Poder, aqui e agora. Ou seja, ele não está com a sua atenção voltada para
o bem-estar de todos, mas, para saber quantas pessoas vai empregar, caso ganhe a próxima eleição.

A ojeriza à Política e não aos políticos ruins esconde, na verdade, a falta de coragem de uma sociedade que se recusa a colocar o dedo numa ferida que, caso exposta, removeria do poder, a grande maioria dos
corruptos coptadores da ambição ingênua daqueles que querem crescer através da lei do menor esforço, por isso, nunca crescerão, ficando à mercê das migalhas que caem dos arremedos de supostas Políticas públicas produzidas pelos gananciosos donatários do Poder público no Brasil.

Não é a Política que é a verdadeira representante das sugeiras do Brasil. A sugeira do Brasil está nos mecanismos inescrupulosos com que os contendores em geral, usam para vencer a qualquer preço, a qualquer competição que possa participar. Isto vai desde uma mera disputa dentro do ceio familiar, passando por prefeituras de bairros, igrejas, associações, sindicatos, escolas, hospitais, empresas em geral, até chegar aos cargos estatais.

Portanto, quando dizemos que a sugeira está na Política e não nos políticos ruins, é porque nos recusamos a reconhecer e a curar as nossas próprias feridas. E em assim fazendo, estamos jogando fora a grande  oportunidade de cortar o mal pela raiz e, ao mesmo tempo, estamos dizendo não à renovação dos atores que ocupam o Poder Público.

Então, a partir deste posicionamento, condenamos a todos a permanecer num lamaçal que, na verdade, nada tem de terapêutico porque não incomoda a ninguém, a não ser, através dos discursos públicos. Por tudo isso, já passa da hora de começarmos com a máxima urgência, a repolitização da Política brasileira. Do contrário, estaremos fadados a um eterno abismo sem fundo como eternos expectadores de uma esperança em um futuro inalcansável, não porque não seja possível; mas porque somos passivos, inertes e incapazes de assumirmos qualquer responsabilidade neste sentido.

Só se pode mudar uma casa, quando os seus respectivos donos tomam alguma iniciativa com este intuito, ou melhor, nada começa sem que haja um ponto de partida, como pressuposto fundamental de qualquer construção. E no País do engodo e do agrado, onde ninguém tem coragem de se expôr pra não mostrar a cara nem a cor, não existe atitude firme, mas, afagos frios, calculistas e covardes com o claro intuito de
fazer preservar o "Deixa estar como está, para vê como é que fica".
Devemos ter muito cuidado com as afirmações de que o Poder é constituído por Deus e nisso justificar o fato de não querermos ir contra as más autoridades políticas que não atendem às necessidades do povo,  mas se esbaldam no poder, às custas da miséria das massas.

Nós vivemos na terra e, aqui quem decide em quem votar é o homem, mesmo quando influenciado por supostos intermediários de Deus.

Antônio Leitão

O cego de visão.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Encontro com parlamentares no Senado, na luta pela aprovação do PLC 040/2010, que trata da Aposentadoria Especial da Pessoa com Deficiência.

domingo, 9 de maio de 2010

NOVOS TEMPOS, NOVOS RUMOS!

É claro que em seus cinco mandatos, o Deputado Benício Tavares acabou produzindo inúmeras conquistas importantes para as pessoas com deficiência do DF, incluindo algumas políticas públicas interessantes como por exemplo, a quebra do tempo de validade dos atestados médicos para as pessoas com deficiência permanente, mais ressentemente.

Entretanto, não é difícil comprovar que a maioria das conquistas produzidas pela atuação deste parlamentar, foram concebidas e construídas sempre na perspectiva da dependência, do cárcere, do
assistencialismo e do claro incentivo no sentido de que as pessoas com deficiência devam fazer opção pelo parasitismo em vez do protagonismo da sua própria causa.

Por entender que o tempo é o Senhor da Razão e que, na medida em que o tempo passa, mudanças inevitáveis acontecem a todo momento, cabe a nós, cidadãos atentos, promovermos as devidas mudanças nas nossas perspectivas e expectativas de vida, em conformidade com a velocidade em que o tempo caminha.

Estamos falando de autodefesa, autodeterminação, autonomia e de produtividade. Por isso, sempre somos adeptos da tese de que deficiente produtivo é Homem livre, portanto, feliz. Já que a Educação liberta e o Trabalho afirma a independência humana, por que não começarmos por aí? Na medida em que soubermos construir e conquistar espaços sociais com acessibilidade plena, uma Educação instrumentalizada e equipada em todos os níveis para atender a todos prerrequisitos que nos garantam uma formação intelectual e instrucional de acordo com os avanços das ajudas assistivas tecnológicas, então teremos ao alcance das nossas próprias mãos, o êxtase do privilégio de sabermos que a nossa inserção social estará assegurada e que, a partir daí, todas as nossas ascenções humanas serão possíveis.

Vale salientar que, a acessibilidade em espaços sociais e uma Educação de qualidade são conquistas inerentes aos nossos direitos humanos de cidadãos partícipes da construção de uma justiça social comum a todos os brasileiros.

Entretanto, a necessidade de trabalho, emprego e renda é uma lacuna que tem que ser preenchida, porque se trata de um Direito indispensável como garantia fundamental da efetiva abertura de todos os caminhos que nos levarão à conquista incontestável da nossa cidadania plena. Esta cidadania plena só ocorrerá quando conquistarmos autonomia de Fato e de Direito. Para isso, precisamos de uma qualificação profissional especializada, que leve em conta o estudo objetivo das nossas limitações, individuais e coletivas, na perspectiva da superação viável, não, da ilusão suceptível.

Nossas limitações jamais serão nossas inimigas, se tivermos a exata noção das nossas vocações,
potencialidades e possibilidades, para que possamos com autonomia e discernimento, construir as nossas próprias escolhas. Quem escolhe bem, tem mais chances de superar as barreiras do dia-a-dia.

Esta reflexão está sendo feita para mostrar que, não só a atuação do Deputado Benício como também, a interferência de muitas outras pessoas do País inteiro, que se dizem ardorosas  defensoras da causa das pessoas com deficiência, vêm ao longo dos tempos, reduzindo estas pessoas, à pífia condição de pedintes compulsórios. E como se sabe, um pedinte compulsório não desperta respeito, causa preconceito. E que fique bem claro, um indivíduo só pede pela condição e jamais pela deficiência.

Portanto, quando constatamos isto, é porque algo está muito errado.


Por isso, vimos por meio deste propor, não só a todas as pessoas com deficiência como também aos seus familiares e amigos, a construção de um pacto coletivo e favorecedor da criação de um ambiente próprio, próspero e propício à viabilização de novos rumos e novas perspectivas para as pessoas com deficiência, conofrme os ditames da Convenção da ONU.

Sou Coordenador do núcleo de Base das Pessoas com Deficiência do PSB e convido a todos, para que juntos, possamos abrir esta nova estrada.

Antônio Leitão

O cego de visão.