sábado, 5 de dezembro de 2009

O Poder pelo Poder

Esta reflexão começará por alguns detalhes, equívocos, vícios, atropelos ou qualquer outro nome que se queira dar a estes fatos.


Não importa o nome, o importante é que sem eles, a diferença na qualidade de governar o DF seria muito grande:


No dia 23 deste mês, teria sido publicado no DODF, uma lista de 1100 deficientes contemplados com lotes da CODHAB e, ao chegar na escola em que trabalho, neste dia pela manhã, já ouvi alguns deficientes visuais se dizendo contemplados porém, mais interessante ainda, é que até hoje, a citada lista não se encontra no site da CODHAB mas, no site do MOHCIPED, ligado a pessoas do gabinete de um Deputado Distrital.



Os atos secretos poderão estar bem mais perto de nós do que se possa imaginar. Até hoje, não foi depositada na conta dos professores, a parcela referente aos notbooks que eles compraram do GDF que, ficou de pagar a outra metade.


Até hoje, os postos de combustíveis que aumentam os preços, a cada dia, sem merecer qualquer repreensão efetiva, não foram atingidos pela Nota Legal.


Em mil dias de governo, o GDF está fazendo duas mil e vinte e sete obras, se estivesse dando 150 cadeiras de rodas por mês como prometeu, poderia comemorar duas mil e vinte e oito obras.


Conforme o Site Orçamento transparente, só a Secretaria de Eucação do DF já teria gasto mais de 503 milhões de reais em contratos sem licitação, desde o inicio de 2007.



De acordo com emenda à Lei Orgânica do DF, aprovada recentemente, quem receber lote do Governo, receberá em seguida, a respectiva escritura que, por sua vez, pode favorecer a farra dos lotes como também, a expeculação imobiliária, já tão desenfreiada.


O GDF está dando às cidades do entorno, cinco milhões de reais para que estas deixem os seus serviços de saúde pública inertes e mandem para cá, ambulâncias lotadas de pessoas doentes para congestionar mais ainda, o nosso sistema de saúde, já tão caótico.


Há Deputados no DF, por exemplo, que ficam com a metade do salário de seus assessores, para o CAIXA DOIS, ou dando nota fria, para dinheiro recebido dos sindicatos, também com o mesmo objetivo.


Se os mandatos pertencem aos partidos, por que isso acontece?


A operação CAIXA DE PANDORA, conforme informações, muito provavelmente poderá demonstrar que o crime do painel eletrônico do Senado foi apenas um susto...


Estas informações, ponto a ponto, não são novidades pra ninguém. Entretanto, servem como referência para que repensemos a nossa forma de escolher em quem votar e porque votar.


Os nossos Partidos Políticos não têm mais ideologias que os identifiquem. Espalhados pelos Estados brasileiros, hoje, todos ocupam o Poder, tanto nos estados como no Planalto e, a desculpa é que cada cargo ocupado, é uma suposta oportunidade para que os quadros partidários, ponham em prática, suas ideias comunistas por exemplo, dentro de um Governo neoliberal.



Na verdade, estes cargos servem de trampolim midiático e de aparelho arrecadador de verbas para o Caixa Dois. Tanto isto é verdade que os futuros candidatos que não gozam de tal privilégio, entram em desespero e, quando são socialistas por exemplo, chegam mesmo a abraçar a possibilidade de oferecer aos seus pretensos futuros eleitores, promessas milagrosas de ilusões imediatas, para ter maior segurança na suposta conquista do voto.


Este vício cruel e desumano, além de trazer consequências devastadoras para os eleitores, supostamente enganados, incomoda de maneira definitiva aos candidatos, verdadeiramente, bem intencionados.


Não adianta, o tempo passa e, de eleição em eleição, "tudo continua como dantes no quartel de Abrantes", inclusive as queixas dos eleitores insatisfeitos.


Neste exato momento, todos os partidos brasileiros deveriam se chamar PPPB, Partido Pelo Poder Brasileiro, e, o que é pior nesta história toda é que, ocupar cargo, não importa em qual Governo, não é decisão partidária mas, impulso individual.



Estes fatos só revelam que a luta pelo Poder não tem mais objetivos coletivos mas, ganância pessoal. Precisamos ter coragem de ousar em nome da utopia, inspiração irrevogável das grandes transformações. E os partidos políticos são os verdadeiros construtores de senários apropriados onde, os semeadores das revoluções humanas podem plantar, regar e gerar frutos da melhor qualidade.


Uma das grandes esperanças nossas é o apoio assistivo, contrato social entre o Estado e as pessoas em condições vulneráveis. Este contrato, terá benefício com prazo de validade onde, o Estado, além de concedê-lo, proverá seus filhos de subsídios para que estes construam condições e instrumentos que lhes garantam aproveitar com êxito, as oportunidades que a vida lhes oferecer.



O apoio assistivo não é um novo caminho mas um jeito novo de caminhar. O apoio assistivo é o contraponto ao assistencialismo. O apoio assistivo é o suporte estatal não, o guia dos coitadinhos. O apoio assistivo tem algumas semelhanças com a proposta de autodefensoria defendida pelas APAES.



Finalmente, precisamos construir uma realidade, onde tenhamos partidos da situação e partidos de oposição, tanto a nível nacional como a nível estadual.



Chega da farra do Poder pelo poder, isto me lembra a forma pela forma do parnasianismo, onde a elite literária escrevia coisas que, muitas vezes, nem eles mesmos entendiam.


E, exatamente é isto que vem acontecendo com a condução da nossa política, as pessoas se articulam, formam conchavos, constroem máfias para conquistar o Poder e depois disso, não sabem o que fazer com o Poder e aí, continuam se articulando, fazendo conchavos, nutrindo máfias para se perpetuarem no Poder.


Não, no Poder meio de realizações coletivas mas, num poder fim, que não serve pra mais nada, a não ser, encher os bolsos dos mafiosos, a cada dia, mais e mais.


Talvez por isso, que os nossos administradores públicos não têm senso de manutenção de preservação. Eles constroem obras, fundam cidades, criam acentamentos populacionais etc sem sequer se preocuparem com as verbas de restauração dos futuros desgastes provocados pelas corrosões do tempo implacável.


Vocês já viram que, além de não existirem verbas de restauração, quantas cidades novas surgiram no DF, mesmo com as, antigas ainda sem qualquer urbanização?


Quando Lula diz que até Jesus Cristo, para governar o Brasil, teria que fazer acordos com Judas, na verdade, ele está sendo bem eufêmico pois, os acordos com os Judas daqui, são feitos, desde a hora em que se começa a planejar o assalto de qualquer Poder constituído, talvez por isso, os mandatos deste país são tão vazios de ações efetivas, e, concretamente, em favor do bem-estar comom.



Um país que não tem partido de oposição é terreno fértil para o imediatismo, um barato que sai caro porque seu efeito é, no máximo, ilusão.


Um país que não tem oposição abre caminho para o personalismo, o individualismo, o egocentrismo cercado por todos os vícios comuns da tirania. Um país que não tem oposição, quando não legaliza, legitima todos os tipos de corrupção. O Brasil tem que ser uma verdeira República, algum dia... quem vai determinar quando, é você, sou eu, nós todos juntos, a nossa luta consciente.




Antônio Leitão

O cego de visão.