quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

PRÉ-MANIFESTO DA CRIAÇÃO DO PARTIDO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Caro amigo com deficiência.

Que fique bem claro, não estamos aqui, convidando você para se juntar a nós na velha perspectiva do discurso da falsa união hipócrita.
Convidamos você para se juntar a nós na perspectiva da construção de uma adesão responsável, convicta, programática, pragmática e organizada à nossa causa. Esta adesão nos exime do direito ao orgulho e à presunção sectárias, mas nos impõe uma postura radical.

É bom que se entenda que o sectarismo parte de princípios que visam perpetrar objetivos baseados em conceitos prontos e que se encerram em si mesmos; o radicalismo parte de princípios que visam construir verdades inacabadas e, em permanente reforma, com base em critérios advindos do conhecimento de causa. Enquanto o sectarismo é obscuro, permissivo e licencioso; o radicalismo é iluminista, criterioso e libertário.

Feitos estes esclarecimentos, vamos a um resgate histórico.

Por volta de 2004, quando procurei ao Ministério Público para pedir que este órgão obrigasse o Estado a me conceder a isenção do IPVA, alegando que a partir desta concessão, outras pessoas que se encontrassem em condições iguais a mim, também poderiam receber o mesmo benefício com base na abertura de precedentes, me mandaram criar uma ONG e depois, voltar lá.

Segundo eles, aquela era uma questão de Direito Difuso. A partir daí, vi que perdi a voz de cidadão. Então, criei o INOVI e passei a perturbar o mundo inteiro. Aliás, é interessante que, com raríssimas exceções, a Imprensa Brasileira hoje, só entrevista "representantes" de categorias, quando quer fazer supostos levantamentos abalizados de posturas ou de opiniões populares segmentadas. Parece que ninguém se preocupa mais com formação ou com a qualidade das informações repassadas. Tudo gira em torno dos arremedos de representatividades.

Por exemplo: é sabido que hoje no DF existem mais de 350 mil pessoas com deficiência e, muitas vezes, chama-se o Presidente de uma Entidade qualquer, que foi eleito, às vezes, por dez votos, para opinar sobre um assunto de extrema importância para um universo imenso, sem fazer qualquer pesquisa sobre a informação que aquele indivíduo vai passar. Este referido indivíduo poderá até se manifestar em nome dos associados ligados à Entidade a qual, ele é dirigente, agora, por causa desta suposta investidura, querer falar por uma categoria inteira, nos parece um tremendo absurdo.

Enquanto isso, cidadãos capacitados e responsáveis, que poderiam contribuir de maneira efetiva com respostas oportunas para a qualificação daquele objetivo perseguido, são alijados do processo por não estarem "à frente" de uma "Entidade Representativa". Nas negociações políticas para dividir o bolo pós-eleitoral, salvo exceções, o jogo é o mesmo. Por isso, começaremos a discutir, fervorosamente, a possibilidade emergente de construirmos o Partido das Pessoas com Deficiência. Lá, teremos legendas para pessoas com deficiência concorrerem, desde os cargos mais simples nas eleições proporcionais, até os cargos mais complexos nas eleições majoritárias.

Uma vez formado o Partido, se fizermos aliança com a coligação vencedora no certame eleitoral, mesmo não elegendo ninguém, conforme aconteceu aqui no DF com o PV, PPL, e, até mesmo o PR que estava na coligação oposta, certamente, nós do futuro Partido das Pessoas com Deficiência, poderemos fazer as nossas indicações, sem depender dos "favores" de quem quer que seja.

Que fique bem claro, resultados atualíssimos comprovam o danoso efeito do preconceito nas mais diversas situações adversas aos pleitos das minorias deste País, as quais, só são revertidas por meio do combate efetivo dos movimentos organizados. E a pesquisa realizada pela Universidade Federal de SP sobre os prejuízos sofridos pelas pessoas com Deficiência, por causa da fúria do preconceito, não é novidade pra ninguém e, não adianta eufóricos sem noção da nossa realidade, quererem amenizar o caos relatado na pesquisa da UFSP, pois, conforme frequentes demonstrações das manifestações de Skinheads, por exemplo, o preconceito emerge em vez de retroagir em nossa Sociedade de conceitos tão confusos e de atitudes tão cheias de farsas.

Neste momento, a criação do Partido das Pessoas com Deficiência, é talvez, o estímulo mais legítimo para provocar nesta categoria, a maior injeção cívica de ânimo, para que todos se levantem e venham à luta em busca da mais verdadeira e efetiva das inclusões sociais, que é o direito à participação plena nas eleições gerais do Brasil.

Estejam certos de que criar um Partido Político será muito mais fácil do que aprovar no Congresso Nacional, a criação das cotas partidárias para pessoas com Deficiência. O nosso Projeto de aposentadoria especial, que o diga. Então, companheiros de destino! A Cidadania nos aguarda de braços abertos. Vamos à luta, conquistar a nossa verdadeira inclusão social! Aguardo contatos do Brasil inteiro para que possamos organizar a nossa mobilização vitoriosa.

Atenciosamente

Um Cidadão sedento de Vez e de Voz.

Antônio Leitão
O cego de visão