Não faça de sua Bíblia uma arma, a vítima pode ser você.
A assimetria de acessibilidade é um mal desnecessário, tanto ao direito à comunicação quanto ao direito de ir e vir. Cabe às regras do desenho universal servirem de parâmetro para que todas as obras físicas, escritas, faladas, pensadas etc, se transformem em caminhos viáveis que garantam o bem-estar de todos.
"É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino do Céu". Até parece que todas as lideranças religiosas têm completa aversão à riqueza. Até parece que a teologia da libertação não foi trocada pela teologia da prosperidade e que nenhuma igreja detém qualquer patrimônio. O camelo do qual se refere a frase supracitada, é uma corda bem grossa; não o animal das Arábias.
Além das contradições mensionadas, a palavra camelo demonstra a completa falta de interesse em atualizar o vocabulário bíblico em conformidade com as línguas modernas, contanto que existam algumas tentativas sem grandes significações e intenções efetivas.
Conforme se sabe, até o advento do protestantismo, a Bíblia era uma obra privativa, onde tão somente os padres tinham acesso exclusivo. Lutero então, teve a brilhante ideia de trazer este livro para o ceio do povo. O problema é que além do povo ser analfabeto, Lutero ao traduzir a Bíblia teria, ao mesmo tempo, consolidado o idioma alemão através do exercício da construção feita; daí, ter nos legado alguns equívocos semânticos que, até hoje não incomodam aos seus seguidores.
A Bíblia tanto quanto o Alcorão, é um Tratado Ético-Filosófico da melhor qualidade, só que usado como uma leitura misteriosa, quase que indecifrável, segundo alguns supostos iluminados. Conforme estes, que se dizem tão seguidores de Lutero quanto de Cristo, o texto da Bíblia seria cheio de simbologia, por isso sua interpretação só estaria ao alcance dos escolhidos. Mas, que escolhidos? Os estudiosos buscadores de verdades ou as cúpulas compostas por enganadores do povo?
Inclusive, há quem fale até em verdade de Deus e verdade do Mundo. Se Deus criou o mundo conforme defendem com unhas e dentes os criacionistas, porque duas verdades? Bem, este ensaio analítico está sendo feito, não porque tenhamos qualquer óbice às práticas religiosas ou à Bíblia; mas, porque entendemos que nenhum instrumento construído em prol do bem comum, pode ser usado como arma de dominação contra a respectiva efetivação do próprio bem comum.
Na medida em que se tenta transformar aquilo que deveria ser o principal caminho de libertação do povo, em obstáculo feroz a este objetivo, é porque só pode ter alguém querendo levar algum tipo de vantagem escusa. E, até onde se saiba, só as cúpulas são capazes desta terrível atrocidade. Como já foi dito, onde houver teias de segredos, há sugeiras, traições, ganância, chantagens, subornos, delações: premiadas, ou não, enfim, formação de quadrilhas prontas para o enriquecimento ilícito.
Também deve-se salientar que o princípio básico dos segredos de segurança nacional é subterfugiar mecanismos escusos que garantam a impunidade das autoridades em relação aos seus deslises. Por exemplo, há muitos gastos através dos cartões corporativos dos chefes do Poder executivo sem que seja preciso dar quaisquer explicações. Faz-se mister dizer que não devemos condenar nem ignorar a importância das estratégias dos procedimentos investigativos, instrumentos essenciais para desvendar crimes.
É claro que toda condução de processos é lícita, desde que não sirva de subterfúgios para legitimar a prática da exploração do Homem pelo Homem. Infelismente ou não, desde que o mundo é mundo, existem as sociedades secretas ou abertas que tiveram papel relevante na evolução humana. Entretanto, o próprio Homem se encarregou de deteriorar isto, ao longo dos tempos. Por exemplo, outro dia, arruda teria desistido da maçonaria para não ser expulso de lá.
Bem, como se sabe, desde a época do Império, haveria indícios de que a Maçonaria teria membros ocupando o Poder no Brasil como também os teriam, outras entidades semelhantes, inclusive, as igrejas.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: em isto sendo verdade, por que que o exercício do Poder aqui, neste país é tão ruim, tão podre? Se estas entidades pregam a retidão, a solidariedade ao próximo, a moral, a ética e os bons costumes; será que os seus membros são alienados insanos ou estas entidades estão perdendo as reais finalidades existenciais, ou, precisando ser repensadas? Que fique bem evidente: não temos nada contra a Maçonaria, a Bíblia, as Igrejas ou quem quer que seja.
Acontece que aqui neste país, toda vez que alguém resolve ousar fazer reflexões críticas sobre temas que precisam ser repensados, logo se diz: alguém atacou fulano, isso ou aquilo.
Crítica não é ataque. O ataque só é usado em combate. Não tenho qualquer intenção de entrar em guerra com quem quer que seja. Se a Democracia existe, logo, o exercício do pensamento livre é indispensável para que a evolução seja concreta e completa.
Sou daqueles que acham que tudo é discutível, incluindo: Partidos Políticos, Religiões e Times de Futebol.
Antônio Leitão
O cego de visão.
